domingo, 31 de janeiro de 2010

COZINHA PERNAMBUCANA - LIVROS

História dos Sabores Pernambucanos

 

Clássico pernambucano 

Publicado em 23.08.2009

Bruno Albertim
balbertim@jc.com.br
São 360 enormes páginas, capa dura, ricamente ilustradas: a concretização de pelo menos 20 anos de pesquisa gulosa e incansável. Com a publicação, pelo Sebrae e Fundação Gilberto Freyre, de seu História dos Sabores Pernambucanos, Maria Lecticia Monteiro Cavalcanti nos oferece mais que boa literatura e documentação gastronômicas. Não tenham dúvidas, daqui a umas gerações, terá ele próprio, o livro, valor de documento precioso sobre como a mesa de Pernambuco conta, fórmula por fórmula, ingrediente por ingrediente, a história e a formação de seu povo. História, antropologia, culinária e narrativa cativante unem-se aqui em cocção de grandes evocações.
Ainda que fosse apenas um compêndio de receitas – uma versão contemporânea dos velhos cadernos de receitas em que saberes tão caros foram preservados – o livro já teria um enorme valor documental. São mais de 200 fórmulas de cozinha investigadas, testadas e traduzidas para o entendimento corrente.
Cada uma das páginas parece gritar uma frase célebre de um pensador que lhe serve, confessadamente, de inspiração e pavimento intelectual. Dizia Gilberto Freyre: “Quando uma grande receita está ameaçada, não é apenas um prato que corre risco. É toda uma maneira de estar no mundo”. Mas o livro não é apenas (e grandemente) isso.
Lecticia tem o grande fôlego de pesquisadora para transformar seu conhecimento orgânico sobre a cozinha pernambucana em historiografia maiúscula. Aqui vamos ampliando a grande angular para entender como e porque comemos o que nos vem à mesa. “Os sabores pernambucanos foram se firmando aos poucos. Do especial relacionamento com o meio ambiente. E, sobretudo, do fino equilíbrio entre nossas três principais cozinhas – a indígena, a portuguesa e a africana. Tudo na medida certa e com muita harmonia”, escreve ela, no capítulo em que discorre sobre as três principais heranças da cozinha pernambucana.
Em entrevista à jornalista Flávia de Gusmão, no Caderno C, Lecticia disse que o impulso inicial para a confecção do livro surgiu quando viu – heresia histórico-gustativa das maiores – um programa de TV sugerir o acréscimo de creme de leite ao sarapatel. Isso, para que ele se tornasse “refinado”. Talvez, ali, consciente ou instintivamente, a famosa frase de Gilberto tenha lhe motivado à ação.
Depois dos clássicos do próprio Freyre (Açúcar, lembrem, é da década de 1930), de Cascudo e outros grandes, Lecticia atualiza essa biobliografia e nos traz um já clássico para fazer companhia aos outros na estante. No final, faz justiça literária sobre a culinária de Pernambuco – uma cozinha sem a qual a própria culinária brasileira não teria existido. Foi, afinal, nos antigos engenhos de açúcar que o português se abriu a índios, africanos, enfim, aos próprios trópicos, para dar início à grande epopeia culinária nesta margem do Atlântico.
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RECIFE - GUIA PRATICO, HISTORICO E SENTIMENTAL DA COZINHA DE TRADIÇÃO

O livro do jornalista Bruno Albertim conta a história da cozinha de Pernambuco, de como ela se estabeleceu por meio do contato do colonizador português com os ingredientes e técnicas de índios e africanos. Maior produtor mundial de açúcar entre os séculos 16 e 17, a antiga capitania de Pernambuco viabilizou o projeto colonial português no Brasil. As cozinhas de seus engenhos foram os primeiros laboratórios do que viria a ser a culinária brasileira. Além disso, o livro lista e perfila os 30 restaurantes mais 'pernambucanos do Recife' e ensina, passo a passo, com fotografias, receitas clássicas de Pernambuco, como o cozido e a peixada pernambucana.

COMIDA & TRADIÇÃO


Uma finalidade da culinária é alimentar o homem. Dar Educação também. Alimentá-lo com o passado, com conhecimentos valiosos. Alimentá-lo para o futuro, com habilidades imprescindíveis. Alimentar o homem como um todo. Nutrir seu corpo, seus sentimentos, seus pensamentos. Alimentar para a ação, a emoção, a razão. As receitas de dona Nininha - nos trás a riqueza da culinária pernambucana e sua história. São 780 receitas de puro conhecimento, da mais tradicional cozinha pernambucana, organizadas segundo datas comemorativas, típicas da cultura do Estado. O manuê, doce à base de mandioca, aparece nas festas juninas; o aferventado de bacalhau, preparado com maxixe, compõe a mesa da Semana Santa; enquanto o bolo do diabo, com ameixas e vinho do Porto, é uma herança da "botada", festa da época dos engenhos de cana-de-açúcar que marcava o início da colheita. O prefácio é de Gilberto Freyre. Livro que dei de presente a minha mãe.

 COZINHA DE POBRE


» GASTRONOMIA
A rica cozinha pobre de Liêdo Maranhão
Publicado em 16.09.2009
Bruno Albertim
balbertim@jc.com.br
É preciso espichar bem um adjetivo ou um conceito para fazer Liêdo Maranhão caber nele. Antropólogo bissexto, colecionador guloso, compulsivo, dentista de formação, escultor, fotógrafo, escritor, o recifense convicto e praticante já fez de tudo na vida. Espécie de demiurgo dessa entidade coletiva, disforme e barulhenta que publicitários, políticos e, sobretudo, a classe média, ansiosa em se diferenciar, chama de povão, Liêdo tem dedicado mais da metade de seus 84 anos a registrar a memória e a sabedoria das ruas do Recife.
Hoje, o público tem oportunidade de trocar ideias com o autor e adquirir um de seus clássicos. A partir das 19h, no Bar Central, ele assina a segunda edição de Cozinha de pobre, um registro deliciosamente bem humorado de fórmulas culinárias feitas no improviso de quem se equilibra entre o orçamento e a fome. O termo é oportunidade mesmo: em edições limitadíssimas, sempre ignoradas pela grande indústria cultural, seus 12 livros até então publicados são preciosidades nos sebos da cidade, disputados por colecionadores ávidos pela picardia que lhe é característica. São apenas 300 exemplares impressos, tiragem que periga se esgotar hoje mesmo.
“Excluída das mesas abastadas, dos restaurantes, dos salões de chá, das confeitarias e dos cafés, a cozinha de pobre, sem preparações longas e custosas, sem folclore, sem estudos elitistas, é, muitas vezes, inventada na hora para matar a fome”, explica o autor de títulos como O povo, o sexo, a miséria ou o homem é sacana (1980).
É para ler e se deliciar, ainda que nada ali descrito vá ser efetivamente utilizado como peça de um manual prático de gastronomia. Ou será que alguém pretende executar fórmulas como a de caroço de jaca assado na brasa, ou frito, ou ainda a bimba (sic) de boi na brasa? Para os mais frugais, há ainda receitas como a do aruá guisado com verduras, um molusco de água doce que vive fechado numa concha, geralmente grudado no caule de plantas aquáticas. Em todo caso, se quiserem se aventurar, as fórmulas estão lá.
Como manda a cartilha dos bons manuais de cozinha, Liêdo cita as fontes das receitas recolhidas pelas ruas, vielas, praças e mercados. Por exemplo, o pirão de pinto, é de autoria de Biu, um popular ex-agente de polícia do comissariado do bairro olindense de Beberibe: “Ferve água num caneco e depois bota farinha sem sal, sem cebola, sem coentro, sem nada. Come-se com figo (sic) de alemão”. Inventada em suas missões de fome no mato, a receita tem como destaque apenas e tão somente aquele pedaço do baço de boi que o povo chama espontaneamente de passarinha ou do figo referido há pouco.
Cozinha de pobre é uma espécie de versão para ler diante de toda a família de Conselhos, remédios e comida para levantar as forças do homem, uma espécie de kama sutra culinário talhado com a sabedoria do bairro de São José onde Liêdo nasceu e viveu seus púberes anos, publicado ainda em 1977. De um antigo pescador do Pina, Liêdo recolheu a máxima de que, se caldinho de polvo não funcionar para restabelecer a saúde sexual do cidadão, nada mais funciona. “Quero avisar a todo mundo que hoje, no lançamento, vai ter caldinho de polvo grátis”, diz ele, de gargalhada sempre generosa e rompante.
A obra de Liêdo tem servido de base de estudo em universidades e para trabalhos de autores consagrados em várias mídias. “Tem muito chupa-cabra que vem aqui em casa, pega minhas coisas, usa no cinema ou na TV e nem me dá um crédito. Guel Arraes mesmo, já chupou muito”, diz ele, gargalhando.
Se há uma virtude na obra de Liêdo, para citar apenas uma, esta é a oralidade. Ele não polui os registros captados com sociologices ou literatices. Seus livros são exatamente para ser lidos. Mas para serem “ouvidos” com os olhos. A cozinha de Liêdo pode ser até pobrinha. Mas é honestíssima.

Memorial da Cultura Popular por Liêdo Maranhão - O Memorial da Cultura Popular é um projeto que objetiva dar acesso público à memória popular, através da recuperação, tratamento e organização do acervo coletado por Liêdo Maranhão.

COMEDORIA POPULAR – receitas, feiras e mercados do Recife


  




"Das bandejas populares, os cardápios de sabores temperados com a cultura de nossa gente”

A gastronomia é referencial no registro histórico-cultural das cidades em todas as partes do mundo. As feiras e mercados públicos são ambientes que se entrecruzam dentro desse processo cultural. A partir de uma pesquisa gastronômica Ana Claudia Frazão, lança O livro “COMEDORIA POPULAR – receitas, feiras e mercados do Recife”. Com 55 receitas preparadas e fotografadas especialmente para o livro, Ana Claudia emprega um refinamento estético, tornando as preparações ainda mais atrativas. O livro contempla além de uma escala cromática nutricional, dicas, curiosidades históricas, ilustrações e belíssimos registros fotográficos. O Recife que hoje desponta entre os maiores pólos gastronômicos do país foi escolhido como primeiro laboratório, especificamente por seus emblemáticos e pitorescos mercados públicos e feiras livres, para o surgimento do primeiro volume de um projeto que pretende se desdobrar.

O livro “COMEDORIA POPULAR – receitas, feiras e mercados do Recife” contêm 164 páginas em papel couche coloridas e os primeiros mil exemplares vendidos acompanham uma sacola típica de feira.

O projeto recebeu incentivos do SIC Municipal e do Funcultura, além do apoio das empresas Livraria Jaqueira, Qualimar, Faculdade Maurício de Nassau, Cachaça Triumpho, Sesc Piedade e Redecard.


Autor: Ana Cláudia Frazão
Fonte: www.comedoriapopular.com.br

À MESA COM GILBERTO FREYRE


Estar à mesa brasileira é muito mais do que saborear as delícias da nossa gastronomia. É estar pronto para conhecer um pouco de nossa história e de nossos hábitos alimentares. Com esse espírito, a Editora Senac Nacional abre um novo nicho dentro da coleção A formação da culinária brasileira, no qual o leitor é convidado a “sentar à mesa” com expressivos personagens de nossa terra e compartilhar de seus hábitos culturais e gastronômicos. À mesa com Gilberto Freyre, o primeiro livro da nova série, traz as doces lembranças e os hábitos gastronômicos desse sociólogo pernambucano, que deixou marcado em sua obra o valor cultural da mesa brasileira. Nesse livro, a Editora Senac Nacional teve como parceira a Fundação Gilberto Freyre, que assegurou à obra uma abordagem profunda, refletindo a identidade e a alma brasileiras. 


Cozinha Regional Brasileira - Pernambuco

 


 A culinária pernambucana mistura história e sabores. Dos escravos africanos que trabalhavam nos engenhos veio o gosto pelas pimentas; dos indígenas, o aproveitamento de cereais, raízes e tubérculos; dos colonizadores portugueses, as técnicas no preparo de caldos e cozidos; e dos holandeses ficou a bolacha típica, chamada brote. Este sexto volume da coleção COZINHA REGIONAL BRASILEIRA reúne essa riqueza de sabores, as melhores receitas pernambucanas e as criações de seus chefs e cozinheiros.

Casa de Noca - A Melhor Macaxeira do Mundo




A MONTANHA


VISTA ÁREA DO MONUMENTO

Sem dúvida. A Casa de Noca faz a melhor macaxeira (também conhecida como aipim na Bahia ou mandioca fora do Nordeste) com carne de sol e queijo coalho frito. Eu moro em Pernambuco e garanto: é a melhor receita para iniciados e iniciantes. O estabelecimento começou como um fiteiro na calçada, vendendo bebida para estudantes, até que um dia, a pedido de um dos alunos, improvisou uma macaxeira com carne de sol. De improviso em improviso, Eraldo Pereira abandonou o táxi que dirigia para tomar conta do novo restaurante. A mulher dele, Noêmia, batizou o lugar com o apelido dela: surgia a nova Casa de Noca. Dada a intensidade e grandeza do prato, sugiro ao leitor não exagerar na dose ou, ao final da experiência gastronômica, não poderá subir as escadas que levam para a rua. A Casa de Noca se especializou na macaxeira com carne de sol de tal forma que em seu cardápio não há outros pratos. Nem sequer um caldinho da própria. É só macaxeira com carne de sol, devidamente acrescida de saborosas fatias de queijo coalho assado. Dona Noca guarda segredo: não se sabe como consegue o ponto mágico que faz da macaxeira cozida algo ao mesmo tempo sólido e que desmancha na boca; a carne grelhada, sempre saborosa e macia; e o queijo, consistente e assado no ponto. Enfim, uma combinação arrasadora. Quem diga minha esposa Juliana e meu amigo Rômulo, quando tivemos que subir a Ladeira da Mesiricórdia depois de ter comido esse verdadeiro banquete.


Lembrando aos desavisados: Noca serve exclusivamente (macaxeira acompanhada de queijo coalho e carne de sol - com refrigerante e cervejinha)  - não há arroz, feijão, caldinho, massas.

Receita:

Ingredientes (as quantidades são ao gosto do freguês):
- macaxeira
- carne de sol – de coxão mole ou de chã de dentro
- queijo coalho
- parmesão ralado
- manteiga de garrafa

Modo de fazer:
Descasque, lave e cozinhe a macaxeira. Quando estiver cozida, reserve e asse a carne em óleo bem quente. Se quiser, pode-se misturar um pouco de manteiga de garrafa no óleo. Tire os talos e parta a macaxeira em pedaços, regando com a mistura de óleo e manteiga. Salpique um pouco de queijo ralado e cubra com a carne frita.

Em outra frigideira, frite o queijo em óleo quente, para não desmanchar. Coloque o queijo frito sobre a carne e sirva.

Informações
Há porções para cinco (R$ 60,00), três ou quatro pessoa (R$ 40,00), duas pessoas (R$ 30,00)
Horário - Diariamente das 11h à 0h
Endereço - Rua Bertioga, 243, Carmo, Olinda
Forma de pagamento - Cartões - Credicard, Dinners, American Express, Visa, Hipercard, Rede Shop, Visa Electron
Contato - 3439.1040

MAPA DA MINA:

























Fontes Consultadas:
http://pe360graus.globo.com/
www.olindaurgente.com.br

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Petit Gâteau – O Bolinho de Coração Mole



Sobremessa preferida da minha esposa Juliana, o petit gâteau, pequeno bolo com recheio cremoso, normalmente, servido com sorvete de creme, tornou-se a sobremesa queridinha minha e de Jú e de grande parte dos brasileiros. Também, não é para menos. Um bolo fofinho, que ao ser cortado despeja chocolate do seu coração, causa efeito sob qualquer um.

Conta-se que a receita original foi criada pelo chefe Michael Bras e chamada por ele de " biscuit tiède de chocolat coulant" ou, em português, bolo morno de chocolate derretido. Mantida, em quatro versões, o bolinho até hoje está presente no cardápio do seu restaurante, situado em Laguiole, na França.

O bolinho foi apresentado oficialmente no Brasil , em 1994, servido como sobremesa no festival de foie gras, realizado pelo restaurante Le Coq Hardy, em São Paulo. Hoje, já é possível encontrar várias versões da receita. São bolinhos recheados de goiaba pura ou com queijo, nutella, bananada, doce de leite, café, geléias de frutas como, cupuaçu, maracujá e daí por diante.

Hoje para mim a melhor receita do "querido bolinho" está no Restaurante Dom Rafel em Piedade,  o pequeno restaurante em Piedade comandado pelo Chef Hugo Rafael (que já passou por cozinhas como a do Chez Georges). Produzido na própria casa.  Rua Carpina, 492, Piedade (ao lado do Mac Donald´s). Informações: 3361-0002.


Aqui está a receita testada por minha esposa e por mim é claro, depois de várias degustações (que tortura) e pequenas alterações na receita elaborada por Olivier Anquier, chegamos ao nosso bolinho ideal:

Ingredientes

240 g de chocolate amargo picado
200 g de manteiga
4 ovos inteiros
4 colheres (sopa) de açúcar
4 colheres (sopa) de farinha de trigo

Modo de preparo:
1_ Derreta o chocolate em uma panela em banho-maria e junte a manteiga, mexendo até que fique homogêneo, liso e brilhante;
2_ Em uma vasilha, bata os ovos e o açúcar até que os ingredientes fiquem bem incorporados;
3_ Retire o chocolate do fogo e despeje aos poucos na vasilha dos ovos misturados. Mexa até que os ingredientes estejam integrados;
4_ Misture suavemente a farinha de trigo;
5_ Unte e polvilhe as forminhas pequenas, próprias para petit gâteau, com manteiga e farinha de trigo;
6_ Coloque a massa nas forminhas e deixe na geladeiras por 2 horas;
7_ Preaqueça o forno a 270ºC por 15 minutos;
8_ Asse em forno pré-aquecido a 270ºC por 10 minutos aproximadamente (o ponto certo para retirar do forno é quando a massa estiver mais alta nas laterais e molinha e crua no meio). Deixe esfriar por 1 minuto antes de desenformar, durante este tempo passe a faca com cuidado nas laterais para solta-lo da forma;
9_ Desenforme num prato e sirva com sorvete de creme.
Dica: A massa pode ser conservada na geladeira por uma semana ou congelada, quando congelada, retire e deixe descansar por 3 horas na geladeira antes de levar ao forno.